segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nem Ronaldinho, nem Ronaldo. Fenômeno mesmo é o Fraga!












Surpreendente. Revolucionário da moda. Esses são os adjetivos que escolhi na peneira que fiz para falar de Ronaldo Fraga, esse mineiro que como o anjo torto Drummond, consegue arrancar poesia das pedras que encontra no caminho. Pois quem conhece um pouco da história desse talento das Gerais, sabe que ele já nasceu poeta, mesmo quando só sabia desenhar parafusos. Como um bom mineiro, é um ótimo contador de casos e leva isso tanto para o dia-a-dia, como para sua obra.

Considerado o mais belo desfile da São Paulo Fashion Week, edição inverno 2009, Ronaldo Fraga emocionou até os mais sisudos da platéia.Trouxe para a passarela crianças e velhos desfilando sua nova coleção, “Tudo é risca de giz”, baseada no espetáculo teatral “Giz” de Álvaro Apocaliypse, para o grupo de teatro de bonecos Giramundo. Para contar mais este causo, o estilista elegeu um casting inusitado ao abrir mão de famosas e magras top models. Ver homens e mulheres reais com cabelos brancos e rugas na cara usando seus looks modernosos foi surpreeendente. Ronaldo sabe e prega que moda também deve defender idéias, coisa que o mesmo sabe fazer com maestria.

Muito antes das semanas de moda...


Depois de fazer todos os cursos de desenho oferecidos gratuitamente em sua cidade, o menino curioso e que nunca pensou em desenhar moda, foi parar numa loja de tecidos, onde era pago para criar modelitos para a mulherada que comprava ali.

“O mais louco é que eu sabia desenhar, mas, a roupa não vinha, eu não tinha idéia das tendências, do que se usava. Então a fila crescia e eu ia entrando em desespero(...) Aproveitava o horário de almoço para observar vitrines, as pessoas nas ruas”.

“Comecei a ouvir a voz dos tecidos...O que eles tinham para me dizer...os cheiros...O barulho ao serem rasgados...”. Foi mais ou menos assim que o estilista começou sua fala durante uma palestra na Livraria Cultura, em São Paulo, ano passado. Contou um pouco de sua vida e obra mesclando crônicas de Carlos Drummond de Andrade.

Até hoje as criações de Ronaldo fogem às tendências, pois como ele mesmo diz: “Moda é aquilo que traz uma história, antes de desenhar a moda eu desenho o contexto”.

Os mais críticos tentam rotulá-lo como regionalista, mas o estilista defende que transforma cultura brasileira em produto de moda e que isso de regionalismo é coisa de paulista. “Identidade é uma cidade que cada um carrega dentro de si. Temos que entender e nos apropriar da nossa cultura”, completa.

Naquele dia, ali naquela sala lotada de estudantes de moda e curiosos como eu e minha amiga Andréa, passei a admirar em dobro o Ronaldo estilista e o Ronaldo homem, pois apesar de estar imerso a esse mundo glamuroso e muitas vezes fútil da moda, ele consegue defender suas causas com coerência, dignidade e um delicado talento que faz a diferença.

Ao término da palestra Ronaldo conversou simplesmente com todos que chegaram até ele, inclusive com nós duas, eu e minha amiga que estávamos com aquela cara de fã-clube.
Para ver e ler mais sobre ele deixo o link criado pela minha amiga Andrea que como eu é uma fã incorrigível:http://www.flickr.com/photos/flordemaracuja11/3213954420/in/photostream/


Micheline Matos
27.01.2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Meditar pode ser bem mais simples...


Já faz anos que a meditação entrou no meu vocabulário, mas quase sempre era palavra oca, da boca pra fora.Tentei poucas vezes e me deparei com uma chuva de pensamentos infernais. Meditar sempre foi algo longe, coisa que talvez eu só fizesse de verdade quando meus pés tocassem o solo sujo da índia em meus sonhos de viajante. Meditar para mim sempre teve uma aura de impossível, ou melhor, inacessível. Coisa que a gente começa e logo quer parar porque não ver resultado.Como se meditar fosse um bolo que assamos e esperássemos crescer.

Mas meditar é algo tão intimo e sublime que não se explica e não se espera nada. E qualquer descrição parece uma banalidade se comparado ao vivido. Minha mente andou me dando trabalho de novo e já não tinha mais minha amiga Dwari aqui perto com suas pílulas tranqüilizadoras da alma, feitas de palavras sãs e seus florais.

Faz uns meses que decidi tentar meditar e levar a sério dessa vez. Confesso que de novo parece que entrei numa gaiola cheia de morcegos e eu tentando me esquivar.Tudo começa conturbado, mas já sinto uns segundos de paz, o que me anima a continuar nessa pista escorregadia. Pista que leva para dentro de mim mesma e que necessito ser forte para lutar contra os fantasmas que invento e agradecida pelas flores que me chegam nesses segundos de paz.

Aos poucos descubro que não necessito de receitas, não preciso sentar em posição de lótus, nem acordar com o sol nascendo, nem tampouco respirar de um jeito esdruxúlo, como aprendi nas aulas de ioga. Ando descobrindo que é mais simples do que imaginava, basta dedicação, perseverança e silêncio. Respiro normalmente, às vezes até fico deitada na cama. A idéia é não dormir e tentar driblar a ladainha da mente. Acho que ao desmistificar o meditar a gente encontra a simplicidade no caminho desse gesto. Eu continuo TENTANDO.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tentar...Modificar...


Como falei no post abaixo, o ano começou sem listas ou promessas, mas com um desejo bem forte de concretizar algumas mudanças no cotidiano. Uma delas é conseguir viver sem me alimentar de animais. Estou a quase dez anos sem carne vermelha, mas já venho ensaiando esquecer os frangos, que hoje levam ainda mais hormônios do que a carne bovina. Depois de ouvir uma palestra sobre alimentação sem carne, do Dr. Eric Slywitch*, o desejo de conseguir viver sem ter que comer nenhum bicho ficou ainda maior, apesar do prazer que ainda sinto ao degustar camarões e um bom prato de sushi. Mas acredito que quando a decisão acontece por vias não só da saúde, mas, principalmente espiritual, a coisa fica mais séria e talvez mais fácil. É uma questão de crença mesmo! Aceitar que o reino animal não está aqui para ser devorado pelo reino humano e que simplesmente não necessitamos desse tipo de alimento para sermos saudáveis. Mas isso é uma longa estória e uma crença minha, que ainda valerá alguns posts, os incomodados com o assunto que me perdoem.

Aqui em casa depois dessa nossa decisão de abolirmos os bichos da nossa cozinha, já ouvimos de tudo: “Mas como irão repor o ferro?”, “Isso é besteira, ninguém agüenta viver assim!”, “Mas vocês vão ficar quase anti-sociais, pois quando forem comer na casa de alguém?”. Seria tão bom que as pessoas ao invés de rirem da nossa cara tentando nos desencorajar ou nos bombardear de questionamentos de cunho de saúde e até mesmo religioso sobre este tema, deveriam simplesmente respeitar a nossa escolha, a nossa tentativa. Eu não tento convencer a ninguém sobre meus hábitos de alimentares, não saio por ai pregando a vida simples a qual tenho tentado levar. Quero apenas continuar meu caminho buscando ser melhor a cada dia, sem julgar tanto o outro, sem comprar o que não necessito e sem precisar dos animais para matar minha fome.

É bom que fique bem claro que não me sinto superior nem inferior a ninguém por escolher esse caminho. E por que deveria? Cada um faz suas escolhas, traça suas metas. Cada um é responsável pela vida que leva. Eu apenas estou TENTANDO fazer as coisas como manda a minha espiritualidade. O que peço quase como um mantra diário é conseguir trilhar esse caminho segundo as instruções do meu coração.

*Eric Slywitch é é especialista em Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral. Através de seus estudos vem derrubando diversos mitos sobre a prática do vegetarianismo. Atualmente é Coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira e é docente de cursos de pós-graduação nessa área. É autor do livro "Alimentação sem carne – guia prático" publicado pela editora Palavra Impressa (Brasil). Para saber mais: www.alimentacaosemcarne.com.br

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Entre proseco e relâmpagos 2009 nasceu no calendário...




2009 no meu mundo nasceu relampeando. Mostrando aos fogos de artifício, quem de verdade tem mais força. O céu visto de cima do canyon Malacara* se transformou num palco, onde observávamos os clarões rasgando as nuvens enquanto brindávamos por mais um ano. Já faz um tempo em que o dia 31 deixou de ser uma data dedicada à reflexão.Talvez porque eu tenha me brindado com a mesma diariamente, sem que seja necessário esperar o fim do ano para fazer acordos comigo mesma. Nada de listas ou promessas. Só agradecimento.

Sei que minhas pequenas e grandes vitórias não podem ofuscar o rastro de desgraça que temos acompanhado pelo mundo e que falando assim em nada pedir e só agradecer, até pareço egoísta, mas mesmo assim, ainda agradeço. Eu sei, o mundo tem andado bailando a música do caos. Tem horas que acredito termos perdido o eixo e que não há sentido em querer mais tempo, mas me movo com um combustível poderoso: a fé. E quem tem fé sempre consegue dar mais um passo, mesmo quando a trilha está escorregadia e escura. Quem tem fé, tem medo? Pergunto isso porque ainda tenho os meus, ainda que bem poucos. Mas o medo não é mais aquele monstro hediondo de antes, pelo menos aqui na minha terra do nunca apelidada de mente.

Eu queria escrever nesse texto somente a beleza que meus olhos viram nos últimos dias de 2008, numa breve estada em Santa Catarina, mas estou misturada demais as noticias, talvez pelo resquício de jornalista que agoniza em mim, ou talvez porque eu acredite mesmo que sou apenas uma peça desse quebra cabeças chamado terra. Sendo assim, trago comigo o DNA dessas energias que rondam o planeta e por isso é tão difícil discorrer somente sobre o belo.

Que a luz de 2009 não seja somente a que tem iluminado GAZA, mas principalmente a luz que habita em cada ser para que possamos olhar mais para as coisas impalpáveis e leves que estão esquecidas nos nossos baús internos.Que em 2009 façamos muita poeira tirando nossos sonhos do porão, mas que dali também saiam os velhos sonhos coletivos e revolucionários.

*Malacara é um dos Canyons que compõem a região de Aparados da Serra, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fiquei os últimos dias de 2008 e os primeiros de 2009 exatamente ali no alto.
PS:A foto acima mostra o Malacara visto da Pousada (que fica em frete ao mesmo). Para quem interessar possa: http://www.moradadoscanyons.com.br/

Meus escritos de casa nova!


Pensei em criar um blog novo, uma casinha para os meus escritos. Um espaço mais leve, com mais cor e que não caiba somente meus anseios e meus textos sujos de alguma tristeza. Queria um blog simples, algo assim como bolo de fubá, feito de poucos e saborosos ingredientes.Um lugar para escrever sobre o que vejo e que transforma meu cotidiano, seja um passo-a-passo de uma peça artesanal, um filme que vi, uma conversa entre amigas, um livro da cabeceira da cama...Enfim, um blog sem pretensões, apenas um espaço livre onde eu possa trilhar a estrada das palavras. Aproveito para desejar a todos um 2009 iluminado, repleto de discernimento e paz de espirito, pois tudo que possamos fazer de bom surge daí.
Ps: A casinha ai ao lado é obra da minha amiga virtual Deny, nossa Dona Borboleta, do Flickr.Essa casa é um dos mimos que ela já me mandou do seu ateliêr em Porto Alegre: http://www.flickr.com/photos/donaborboletapatch/