segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Medo: Uma trilha antes de Sampa

Aos poucos venho trazendo meus textos de um velho blog para esse espaço aqui. Os escritos abaixo fazem parte desse acervo.



Seguindo um caminho tortuoso de dúvidas ela vai deixando um rastro de lágrimas e sorrisos. Busca um mapa que parece não existir, mas continua à procura. Às vezes sente um medo que a faz ainda menor. O medo é coisa grande e pesada, parece matéria...As flores amarelas do medo estão espalhadas por toda a trilha, assim como ervas daninhas que desmontam um jardim. Dessa vez ela anda sem mochilas, como se apenas o peso de seu corpo pequeno bastasse pra chegar lá no alto, onde existe uma nuvem de chuva capaz de limpar todas as dúvidas, todos os quilômetros de medo...Mas a montanha é tão alta! Tão cheia de flores amarelas... que por um momento ela pensa em parar sob a trilha, se jogar na relva e esquecer o caminho. Voltar pra sua vida de bordar mandalas, falar com plantas, guardar sonhos num velho armário.

Ela esqueceria o motivo do trilhar e aquelas flores amarelas sairiam do seu caminho, ela voltaria para os álbuns de fotos, pra sua vida de cores pastéis...agora que tinha descoberto que sua retina estava encantada com as cores fortes como as descobertas por Gauguin, Miró...Voltaria sem o mapa, assim como quem volta pra casa depois de tomar um ônibus errado.

Fortaleza,alguma hora de 2006

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

As vezes eu queria ser menos humana
Sentir menos pele, menos peso
trocar prioridades
me abastecer do etérico
abraçar o mundo com menos espelhos
menos vaidade
tirar os pés do teto do meu cérebro
caminhar sem os sapatos rotos da razão
Ser menos humana para ter mais fé
não essa fé vendida pelas doutrinas
uma fé sublime sem velas
uma fé que me põe para dormir
sem que eu deseje certezas
uma fé que adormeça em mim dezenas de vicios inuteis
e que me acorde inteira para vida que realmente vale a pena