sexta-feira, 29 de maio de 2009


Acho essa imagem tão pura que acredito não merecer ser ofuscada por nenhuma palavra. Nem a mais bela de todas, mas, eu e a minha necessidade de brincar na gangorra das letras insistimos em continuar esse parágrafo fadado a dar em nada, ou no máximo em reticências...

Achando pouco o primeiro já escorrego para o segundo, pois como boa representante da espécie humana e fêmea, sagitariana, necessito explicar as coisas, como se uma simples imagem guardasse em si, meu baú de pensamentos. Para quem interessar possa, esse céu refletido no lago no parque Santos Dumont, em São José dos campos, reflete uma despedida. Mesmo sem choro ou velas, foi uma despedida. Mais uma amiga ia embora em busca de uma nova rota de felicidade, por isso sem choros ou velas. Merecia vinho e poesia as últimas horas daquela tarde de abril, mas ficamos mirando os patos no lago, as flores no verde da grama e inventando frases sem usar a palavra adeus.

domingo, 10 de maio de 2009

Alguma coisa acontece no meu coração..."




Estou desmontando um blog antigo e trazendo meus escritos para esse espaço aqui, por isso textos que alguns de vocês já leram em outras épocas. Até os escritos mudam de casa...






"Alguma coisa acontece no meu coração..."



Eu via São Paulo do alto, sempre bem alto. Meus pés no máximo pisavam no granito frio do saguão do aeroporto de Guarulhos, sempre apressada, nervosa, fazendo alguma conexão. Saltava de umas asas para pegar carona em outras, assim, quase cega de medo, esse medo de voar que insiste em dar calafrios na minha alma. Eu olhava para baixo e via um mundo cinza sem fim. Meus olhos tentavam contornar a imensidão, mas logo desistia e a voz da mente dizia: Isso é monstruoso! Dentro de mim nem uma gota de desejo de desvendar as esquinas da terra da garoa. Nem a música de Caetano soava como convite e mais uma vez a cidade sumia, ficava para trás, como o jornal velho que deixei na lixeira do saguão do aeroporto.

Demorou dois anos e lá estava eu de novo vendo aquela cidade de cima e cada vez mais próxima. Dessa vez não era conexão que eu ia fazer, mas o coração batia agitado porque eu carregava comigo aquela sensação de borboletas no estomago, borboletas loucas para voar, tingir de cores vivas minha nova vida que começou ali no saguão do aeroporto de Congonhas. Desde então quando minha mente manda aquela mensagem de não, aí não...Desconfio. O destino é mapa sem desenho, só papel branco que misteriosamente se tinge e nos carrega muitas vezes para onde jamais imaginamos. Eu costumo respeitar esse mistério.

Hoje moro naquela cidade que via lá de cima e curiosamente meus olhos enxergam tanta beleza! Aqui vou mergulhando devagar nas mil e uma experiências possíveis numa cidade como São Paulo e vou a passos lentos, respeitando meus medos, fotografando suas contradições, sua poesia, saboreando sua gastronomia, seus ecos, cheiros...Meu coração um dia vai casar com São Paulo eu sinto que essa história louca de amor vai se transformar em um rio cheio de cachoeiras plenas de histórias pra contar numa roda de amigos.

Micheline Matos
8.8.2008 são Paulo