segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ando lendo...


Andei por terras Mapuches lá pras bandas do Chile e esse livro me fisgou. Eu que acredito ter sangue de índio vindo do DNA de uma das bizas, sempre tenho curiosidade de saber mais sobre a cultura indígena, seja Caiapó, Xamã ou Mapuche. Esse livro fala sobre as mulheres, como lidavam com a gravidez, o parto, a menstruação e muitos segredos sobre filtros amorosos e afrodisíacos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Será que ainda estou nessa odisséia?

Você já ouviu falar na geração odisséia? A um tempinho atrás nossa vida era dividida exatamente nessa equação: Infância, adolescência, idade adulta e velhice. Mas segundo David Brooks*, num artigo no jornal norte americano “The New York Times”, agora há pelo menos seis fases na vida: Infância, adolescência, odisséia, idade adulta, aposentadoria ativa e velhice.

Para Brooks o termo odisséia exprime um grupo de pessoas que deseja viver diversas experiências antes de construir algo mais sólido, como um casamento ou uma carreira. Ele sinaliza que estão nesse grupo pessoas entre 24 e 35 anos. Para o colunista, “a sociedade está à beira de adotar uma nova geração que é velha demais para ser chamada de adolescente, mas não pode ser classificada de adulta- e na verdade não quer ser”. Essa seria a geração odisséia.

Ao ler a matéria sobre esse assunto em uma revista feminina, fiquei lembrando de mim mesma, das minhas experiências desde que conclui a faculdade de jornalismo aos quase 24 anos. Antes de completar 26 eu já tinha passado por uns três empregos, pedido demissão do último e ido viver uns meses na Espanha, onde estudei espanhol, fiz oficinas de degustação de vinho e sevillhanas (dança folclórica do país), na Andaluzia. Ao voltar para o Brasil fiz freelas em agência de publicidade de um amigo para pagar umas contas e depois fui viajar pelo Brasil com um namorado.


Ruas de Granada, Andaluzia-Espanha



Em um dos monumentos feitos por Juan Miró, em Barcelona, 1998.

Começamos pelo Planalto Central, mais precisamente, Alto Paraíso, cidade mística que aprendi a amar e fiz laços de amizades fortes que guardo até hoje. Passamos por Minas Gerais, fiz retiro espiritual, deixei de comer carne vermelha...Depois fomos para Mato Grosso onde ficamos quatro meses. A essa altura a arte já tinha entrado na minha vida e eu virei artesã. Primeiro fazendo bijouterias com pedras e depois pintando luminárias de vidro para velas. O namorado era mais instável do que o tempo que faz atualmente em São Paulo e quando vi já estávamos na quarta mudança em menos de um ano. De volta a Minas, dessa vez fomos para o interior, o Vale do Jequitinhonha. Ali arrumei um freela num pequeno jornal local, mas depois que chegamos em Almenara e decidimos ficar, o relacionamento degringolou e eu fui encontrar uns amigos na Bahia. Eu precisava me refazer antes de voltar para casa com o rabinho entre as pernas e nada melhor do que os abraços de amigos e aquele mar do Arraial d´Ajuda. Lá descobri a Yoga, o poder da argila e o amor próprio.



Fazendo 27 anos. Chapada dos Gumarães, Mato Grosso...Eu em êxtase com tanta beleza

Não demorou e eu arranjei um bico para passar mais tempo por ali. Arrumei emprego numa loja indiana. A dona precisava com urgência de alguém que entendesse os muitos argentinos que andavam pela Bahia naquela época. O trabalho caiu como uma luva para mim que abria a loja as 5 da tarde e fechava a meia noite. Um mês passou rapidinho e era hora de enfrentar a volta. Muito choro e vela, mas um desejo enorme de refazer a vida de uma forma mais alegre ainda que sozinha.


No quadrado de trancoso, Bahia, 1999.

Depois dessa temporada de aventuras arrumei um emprego fixo numa agencia de noticias da América Latina, comecei a pagar imposto de renda, fiz umas quatro mudanças de casa, viagens de férias pela Argentina, uma pós-graduação, saí da agência, trabalhei num projeto social com adolescentes da periferia, a morte levou algumas pessoas extremamente importantes para mim, experimentei aiuasca na União do vegetal, me separei de novo, arrumei um emprego numa ONG, fui embora mais uma vez.



No Tronador, Patagônia argentina 2004...Numa da muitas viagens

Cheguei em São Paulo. A cidade sorriu para mim, me apaixonei por um escorpiano (coisa que sempre evitei, pois nunca confiei num homem de escorpião)...Fiz mais freela, perdi o emprego na ONG, aprendi a costurar, montei um atelier de costura e patchwork...Casei no papel e na igreja há um mês e pouco com o mesmo escorpiano e agora me pergunto: Com 37 anos ainda faço parte dessa geração ou finalmente entrei na idade adulta apesar dos baby looks que ainda insisto em usar, de não ter emprego fixo, nem planos de ser uma mega empresaria, não decidi sobre filhos...Além de outros signos que muito lembram a odisséia?

Estou matutando sobre isso...

•David Brooks é colunista social Norte americano.

Micheline Matos (Agora Sra. Cabral de Medeiros)