segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ando lendo...


Andei por terras Mapuches lá pras bandas do Chile e esse livro me fisgou. Eu que acredito ter sangue de índio vindo do DNA de uma das bizas, sempre tenho curiosidade de saber mais sobre a cultura indígena, seja Caiapó, Xamã ou Mapuche. Esse livro fala sobre as mulheres, como lidavam com a gravidez, o parto, a menstruação e muitos segredos sobre filtros amorosos e afrodisíacos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Será que ainda estou nessa odisséia?

Você já ouviu falar na geração odisséia? A um tempinho atrás nossa vida era dividida exatamente nessa equação: Infância, adolescência, idade adulta e velhice. Mas segundo David Brooks*, num artigo no jornal norte americano “The New York Times”, agora há pelo menos seis fases na vida: Infância, adolescência, odisséia, idade adulta, aposentadoria ativa e velhice.

Para Brooks o termo odisséia exprime um grupo de pessoas que deseja viver diversas experiências antes de construir algo mais sólido, como um casamento ou uma carreira. Ele sinaliza que estão nesse grupo pessoas entre 24 e 35 anos. Para o colunista, “a sociedade está à beira de adotar uma nova geração que é velha demais para ser chamada de adolescente, mas não pode ser classificada de adulta- e na verdade não quer ser”. Essa seria a geração odisséia.

Ao ler a matéria sobre esse assunto em uma revista feminina, fiquei lembrando de mim mesma, das minhas experiências desde que conclui a faculdade de jornalismo aos quase 24 anos. Antes de completar 26 eu já tinha passado por uns três empregos, pedido demissão do último e ido viver uns meses na Espanha, onde estudei espanhol, fiz oficinas de degustação de vinho e sevillhanas (dança folclórica do país), na Andaluzia. Ao voltar para o Brasil fiz freelas em agência de publicidade de um amigo para pagar umas contas e depois fui viajar pelo Brasil com um namorado.


Ruas de Granada, Andaluzia-Espanha



Em um dos monumentos feitos por Juan Miró, em Barcelona, 1998.

Começamos pelo Planalto Central, mais precisamente, Alto Paraíso, cidade mística que aprendi a amar e fiz laços de amizades fortes que guardo até hoje. Passamos por Minas Gerais, fiz retiro espiritual, deixei de comer carne vermelha...Depois fomos para Mato Grosso onde ficamos quatro meses. A essa altura a arte já tinha entrado na minha vida e eu virei artesã. Primeiro fazendo bijouterias com pedras e depois pintando luminárias de vidro para velas. O namorado era mais instável do que o tempo que faz atualmente em São Paulo e quando vi já estávamos na quarta mudança em menos de um ano. De volta a Minas, dessa vez fomos para o interior, o Vale do Jequitinhonha. Ali arrumei um freela num pequeno jornal local, mas depois que chegamos em Almenara e decidimos ficar, o relacionamento degringolou e eu fui encontrar uns amigos na Bahia. Eu precisava me refazer antes de voltar para casa com o rabinho entre as pernas e nada melhor do que os abraços de amigos e aquele mar do Arraial d´Ajuda. Lá descobri a Yoga, o poder da argila e o amor próprio.



Fazendo 27 anos. Chapada dos Gumarães, Mato Grosso...Eu em êxtase com tanta beleza

Não demorou e eu arranjei um bico para passar mais tempo por ali. Arrumei emprego numa loja indiana. A dona precisava com urgência de alguém que entendesse os muitos argentinos que andavam pela Bahia naquela época. O trabalho caiu como uma luva para mim que abria a loja as 5 da tarde e fechava a meia noite. Um mês passou rapidinho e era hora de enfrentar a volta. Muito choro e vela, mas um desejo enorme de refazer a vida de uma forma mais alegre ainda que sozinha.


No quadrado de trancoso, Bahia, 1999.

Depois dessa temporada de aventuras arrumei um emprego fixo numa agencia de noticias da América Latina, comecei a pagar imposto de renda, fiz umas quatro mudanças de casa, viagens de férias pela Argentina, uma pós-graduação, saí da agência, trabalhei num projeto social com adolescentes da periferia, a morte levou algumas pessoas extremamente importantes para mim, experimentei aiuasca na União do vegetal, me separei de novo, arrumei um emprego numa ONG, fui embora mais uma vez.



No Tronador, Patagônia argentina 2004...Numa da muitas viagens

Cheguei em São Paulo. A cidade sorriu para mim, me apaixonei por um escorpiano (coisa que sempre evitei, pois nunca confiei num homem de escorpião)...Fiz mais freela, perdi o emprego na ONG, aprendi a costurar, montei um atelier de costura e patchwork...Casei no papel e na igreja há um mês e pouco com o mesmo escorpiano e agora me pergunto: Com 37 anos ainda faço parte dessa geração ou finalmente entrei na idade adulta apesar dos baby looks que ainda insisto em usar, de não ter emprego fixo, nem planos de ser uma mega empresaria, não decidi sobre filhos...Além de outros signos que muito lembram a odisséia?

Estou matutando sobre isso...

•David Brooks é colunista social Norte americano.

Micheline Matos (Agora Sra. Cabral de Medeiros)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

É por essas e outras que eu amo Ronaldo Fraga




"Namoro uma América Latina multipolar, de riqueza cultural afetuosa e inesgotável.
Meus olhos se derretem pelas festas mexicanas, pelo artesanato têxtil colombiano, pela emoção do cinema argentino, pelos confetes e serpentinas do carnaval de Olinda, pelas letras de Borges, Drummond, García Marquez, Cortázar… frentes de resistência cultural em um mundo movediço e sem fronteiras. Tempos de superficialidades, como é superficial a relação de nós brasileiros com o vizinho de porta (Dona América Latina) que mal cumprimentamos no encontro diário no elevador. Aqui nesta coleção, ensaio uma troca de xícaras de açúcar com um vizinho que não fala a minha língua mas que conversamos através da música, do universo gráfico, do desconforto político e religioso e na sensação de um lugar possível no mundo contemporâneo".

La Disneylandia de Ronaldo Fraga

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Medo: Uma trilha antes de Sampa

Aos poucos venho trazendo meus textos de um velho blog para esse espaço aqui. Os escritos abaixo fazem parte desse acervo.



Seguindo um caminho tortuoso de dúvidas ela vai deixando um rastro de lágrimas e sorrisos. Busca um mapa que parece não existir, mas continua à procura. Às vezes sente um medo que a faz ainda menor. O medo é coisa grande e pesada, parece matéria...As flores amarelas do medo estão espalhadas por toda a trilha, assim como ervas daninhas que desmontam um jardim. Dessa vez ela anda sem mochilas, como se apenas o peso de seu corpo pequeno bastasse pra chegar lá no alto, onde existe uma nuvem de chuva capaz de limpar todas as dúvidas, todos os quilômetros de medo...Mas a montanha é tão alta! Tão cheia de flores amarelas... que por um momento ela pensa em parar sob a trilha, se jogar na relva e esquecer o caminho. Voltar pra sua vida de bordar mandalas, falar com plantas, guardar sonhos num velho armário.

Ela esqueceria o motivo do trilhar e aquelas flores amarelas sairiam do seu caminho, ela voltaria para os álbuns de fotos, pra sua vida de cores pastéis...agora que tinha descoberto que sua retina estava encantada com as cores fortes como as descobertas por Gauguin, Miró...Voltaria sem o mapa, assim como quem volta pra casa depois de tomar um ônibus errado.

Fortaleza,alguma hora de 2006

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

As vezes eu queria ser menos humana
Sentir menos pele, menos peso
trocar prioridades
me abastecer do etérico
abraçar o mundo com menos espelhos
menos vaidade
tirar os pés do teto do meu cérebro
caminhar sem os sapatos rotos da razão
Ser menos humana para ter mais fé
não essa fé vendida pelas doutrinas
uma fé sublime sem velas
uma fé que me põe para dormir
sem que eu deseje certezas
uma fé que adormeça em mim dezenas de vicios inuteis
e que me acorde inteira para vida que realmente vale a pena

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

para ler ouvindo flamenco...

Pesquisando no google, desenhos sobre flamenco, me vejo absorta num tempo que já amarelou velhas fotos. Um tempo em que existiam cadernos de sonhos e duas amigas ávidas por chão e letras. Amigas que escolhiam o destino abrindo livros que nem sagrados eram. Um tempo vivido, amado, chorado e escrito em terra espanhola. Decidimos conhecer Granada depois de abrir aleatoriamente o guia da Espanha. Éramos duas loucas na calçada de um convento em Salamanca entregando ao livro os nossos próximos passos, pois não tínhamos medo do destino e a vida era engolida em grandes goles, como deve ser na juventude.

A música agora me leva de volta a Granada. Eu pisei em solo Andaluz num dia de junho de 1998. Cheguei de trem, vindo da Estación Sans em Barcelona. Fazia pouco tempo que havia amanhecido e o dia ainda trazia aquela nevoa das primeiras horas. A estação pequena e o ar bucólico me deram certeza de pisar forte naquele novo lugar. Terra moura que aprendi amar em tão pouco tempo. A primeira surpresa foi avistar neve nos picos da Sierra Nevada. Para mim que vinha de terras tão áridas, ver os inúmeros tons de neve, mesmo que tão distantes, me encheu de surpresa e alegria.

Em pouco tempo eu já via as ruelas de Granada da janela do quarto. Uma pensão para moças bem no centro da cidade, construída em 1928. Hoje pesquisando na Internet vejo foto da velha pensão que agora virou um simpático hotel. Olhando as fotos do hotel, posso ouvir meus passos no taco do corredor, abrindo a maçaneta da porta do banheiro coletivo. Essa caixa que temos chamada memória acende ou apaga tantas vontades... Paco de Lucia me desviou da minha tarde de costura e me levou de volta a Andaluzia por alguns momentos...E lá estou subindo as ladeiras de Albaicin apreciando os jardins suspensos das casas brancas de Granada.


Minha amiga descansa em algum beco do céu e deve ainda escrever alguns versos no seu caderno de sonhos. Eu aqui vagueio com pernas bambas numa saudade sem peso, mas com muita cor, como as inúmeras mandalas que pintamos enquanto percorríamos a Espanha.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sagitário e o espelho...

Bariloche-Argentina, 2005

Ali eu não me via mais como menina, mas ainda vislumbrava correr o mundo, como se isso fosse a única felicidade da vida. Nessa época meu pai já tinha ido embora, assim como minha veia de poesia. Nessa tarde quando o sol caía e inundava esse espelho d´água em Bariloche, eu procurava uns caquinhos de mim. Com a cola que junta pedaços fui redesenhando novos contornos e me vendo no espelho, comecei a aceitar os novos traços.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ali na curva dei de cara com a tristeza...


Tem frases que soam como uma bomba. Os ouvidos parecem ter pressa em transmitir ao coração, ali onde estão abrigados de forma figurada os mil sentimentos do ser.Tudo está no cérebro eu sei, mas tem coisas que sinto bem no peito. Uma dor, alguma carne trêmula. E tenho muito ódio da língua que em muitos desses momentos se finge de morta e passa a batata quente para os olhos, que indefesos não têm saída senão molhar a face. No fim tudo sobra para os dedos que apressados como quem titubeia no escuro, buscam registrar o infeliz momento. E como falamos ao vento! Coisas que jamais diríamos se pensássemos um pouco no que irá significar para o outro.

Micheline 18.08.2009

domingo, 14 de junho de 2009

A vida em revista...


Existem coisas que acompanham a gente durante toda a vida. Minha paixão por revistas é uma delas. Posso passar horas folheando-as e dali, daqueles momentos podem sair uma infinidade de idéias. Quando trabalhava com publicidade, as revistas eram meu cigarro, aquele momento de “pause”, no decorrer de um dia de trabalho puxado. Quando vinha o branco das idéias, o nada, eu achava ali nas revistas, uma foto, uma palavra que acendia a luz da criatividade. Até hoje, quer dizer, principalmente agora que trabalho com arte, as revistas são fontes eternas de inspiração, mesmo as que não tem como tema, o patchwork, ou a costura. Meus olhos precisam de cores e formas, precisam da beleza de uma foto, de um texto...Minha alma criativa se alimenta também dessas publicações.

Hoje voltando pra casa depois de quase uma hora na sessão de revistas de uma livraria, vinha pensando em como as revistas que compramos ao longo da vida vão mudando de acordo com a nossa idade ou fase. Para mim a primeira assinatura foi da Capricho. Ali eu encontrava muitas das respostas que uma adolescente cheia de dúvidas buscava. Depois me peguei interessada na revista Nova, voltada para mulheres já nem tão meninas. Era a época da faculdade. Minha amiga Maria Luiza era leitora assídua e eu terminei sendo também. Não que a gente só lesse isso, mas era alí que buscávamos algumas receitas “falidas” de como fisgar aquele alguém, ou como sermos mulheres modernas e seguras.(Eu não acredito que escrevi isso!).

Depois da faculdade vieram as revistas de moda, decoração e a Marie Claire, que tenho assinatura até hoje, mas que não me agrada muito como antes. Eram necessárias ao meu labor de publicitária. Vivendo numa pequena cidade do interior do Ceará, trabalhando na primeira e única agência de propaganda, eu necessitava de referências. E como! Mas também passei um bom tempo sem comprar nenhuma publicação, a não ser às vezes a Caros Amigos. Foi uma época de repensar a mídia . Durou mais ou menos 1 ano. Aprendi a odiar a Veja e outras tantas. Como até hoje as abomino. Não compro mais a Nova, acho que ali tem a ditadura da mulher fatal que necessita de orgásmos duplos pra ser feliz. E eu acredito em outros caminhos de felicidade.

Agora estou numa fase que nunca imaginei chegar: Revistas de noiva. Pra quem me conhece isso parece piada, mas confesso que elas têm me dado ânimo para organizar meu casamento. Pois é, Micheline Matos vai casar! E segundo a minha irmã Janice, essas revistas empolgam até a noivas nada tradicionais como eu.

E para quem com 36 anos ainda não abriu a fábrica de fazer filhos, pode apostar que as próximas leituras serão coisas do tipo: Pais e filhos, crescer...


Revistas tem 80% de conteúdo fútil, muito de propaganda e bem pouco de utilidade, mas fazer o quê se desde criança sou louca por elas? No meu diário de bebê esta escrito na questão primeira travessura: Rasgar as revistas do papai. Isso explica alguma coisa?


Micheline Matos
14/06/2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009


Acho essa imagem tão pura que acredito não merecer ser ofuscada por nenhuma palavra. Nem a mais bela de todas, mas, eu e a minha necessidade de brincar na gangorra das letras insistimos em continuar esse parágrafo fadado a dar em nada, ou no máximo em reticências...

Achando pouco o primeiro já escorrego para o segundo, pois como boa representante da espécie humana e fêmea, sagitariana, necessito explicar as coisas, como se uma simples imagem guardasse em si, meu baú de pensamentos. Para quem interessar possa, esse céu refletido no lago no parque Santos Dumont, em São José dos campos, reflete uma despedida. Mesmo sem choro ou velas, foi uma despedida. Mais uma amiga ia embora em busca de uma nova rota de felicidade, por isso sem choros ou velas. Merecia vinho e poesia as últimas horas daquela tarde de abril, mas ficamos mirando os patos no lago, as flores no verde da grama e inventando frases sem usar a palavra adeus.

domingo, 10 de maio de 2009

Alguma coisa acontece no meu coração..."




Estou desmontando um blog antigo e trazendo meus escritos para esse espaço aqui, por isso textos que alguns de vocês já leram em outras épocas. Até os escritos mudam de casa...






"Alguma coisa acontece no meu coração..."



Eu via São Paulo do alto, sempre bem alto. Meus pés no máximo pisavam no granito frio do saguão do aeroporto de Guarulhos, sempre apressada, nervosa, fazendo alguma conexão. Saltava de umas asas para pegar carona em outras, assim, quase cega de medo, esse medo de voar que insiste em dar calafrios na minha alma. Eu olhava para baixo e via um mundo cinza sem fim. Meus olhos tentavam contornar a imensidão, mas logo desistia e a voz da mente dizia: Isso é monstruoso! Dentro de mim nem uma gota de desejo de desvendar as esquinas da terra da garoa. Nem a música de Caetano soava como convite e mais uma vez a cidade sumia, ficava para trás, como o jornal velho que deixei na lixeira do saguão do aeroporto.

Demorou dois anos e lá estava eu de novo vendo aquela cidade de cima e cada vez mais próxima. Dessa vez não era conexão que eu ia fazer, mas o coração batia agitado porque eu carregava comigo aquela sensação de borboletas no estomago, borboletas loucas para voar, tingir de cores vivas minha nova vida que começou ali no saguão do aeroporto de Congonhas. Desde então quando minha mente manda aquela mensagem de não, aí não...Desconfio. O destino é mapa sem desenho, só papel branco que misteriosamente se tinge e nos carrega muitas vezes para onde jamais imaginamos. Eu costumo respeitar esse mistério.

Hoje moro naquela cidade que via lá de cima e curiosamente meus olhos enxergam tanta beleza! Aqui vou mergulhando devagar nas mil e uma experiências possíveis numa cidade como São Paulo e vou a passos lentos, respeitando meus medos, fotografando suas contradições, sua poesia, saboreando sua gastronomia, seus ecos, cheiros...Meu coração um dia vai casar com São Paulo eu sinto que essa história louca de amor vai se transformar em um rio cheio de cachoeiras plenas de histórias pra contar numa roda de amigos.

Micheline Matos
8.8.2008 são Paulo

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Quando escorpião entrou em sagitário... (Parte 1)




Eu voltava do trabalho cansada, depois de um dia inteiro escrevendo matéria sobre política e violência na Guatemala. Ele deveria vir do centro da cidade.Não sei com o que trabalhava. Só sei que sua nuca tirou por uns minutos, o azedo do meu dia. Ele caminhava a uns dez passos à frente. Entrou no meu prédio.Isso ainda nem era séc.XXI. 1999 estava no que chamamos de meados. Ali às quase cinco da tarde, escorpião entrou em sagitário, mas ninguém sabia, muito menos eles.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quando a saudade não dói


Sempre que senti saudades na vida foi meio como uma dor, mesmo passageira, mas sempre alguma agulha entrando na pele ou uma unha de gato bravo. Uma época a saudade criou um túnel escuro com barulho de cachoeira...A luz nunca apareceu, nem pra me enganar, assim como a ilusão de água no deserto. Já transformei saudade em cartas para ninguém, versos em cadernos de arames, em desenhos toscos que meu amigo Zeca adorava, com certeza para me agradar. Saudade de gente que morreu é seca e quando ela vem tento embebedar meu cérebro de cor e sorrisos. As vezes não consigo, aí vem lágrimas e flores. Não flores que amo, mas aquelas de defunto mesmo.Um dia quando eu morrer, por favor, quero gérberas coloridas, rosas brancas, se possível orquídeas lindas e sensuais. Mas esse assunto é de um outro post, voltemos à saudade...Estou descobrindo um novo tipo desse sentimento e como boa sagitariana e mulher fico tentando dissecá-lo, como se o sentimento fosse palpável como minhas agulhas e linhas. É uma saudade sem dor, sem desespero. Um desejo imenso de pintar isso invade meu corpo, mas corro para as letras porque é aqui o laboratório da minha alma. É aqui no teclado que meus dedos concretizam o que canta a mente. Uma saudade em tons pastéis de aquarela, delicada e ao mesmo tempo forte, mas sem drama. Na aquarela eu sou a água que se mistura à tinta que como meu amor é forte e me carrega pelo infinito.


Micheline

segunda-feira, 2 de março de 2009

Amanhã se der carneiro vou pra Passárgada...


Sempre que os caminhos se estreitam, que falta luz no túnel ou que o chá de camomila não dá jeito eu penso em ir pra Passárgada. Esse lugar perfeito, longe das mesquinharias que o ego do ser humano pinta um cenário do inferno. Sou sagitariana e às vezes vejo profundidade num pires. Me abalo fácil e ai vejo o quão longe de aprender a lição estou. Deixo fácil um caminhão passar por minhas costas...Bastam palavras frias. Estou assim hoje, num dia que começou tão feliz! Ser julgada sem defesa é o mesmo que me prender num buraco cheio de morcegos. Fico rastejando dentro de mim catando um cantinho que não esteja sangrando pra me esconder e descansar. A consciência grita que dorme em paz, os mais íntimos tentam me confortar, mas acho que viciei nessa coisa de aceitação.Desde pequena criei essa valorização de ser importante para as pessoas. Isso é heroína, pois no momento em que alguém decide riscar seu nome da lista de pessoas queridas o mundo desaba. Já fui tão fundo nesse fundo do poço...Hoje estou aqui de novo e mais uma vez sem direito à defesa ou mesmo saber porque. Parece que no fundo, o hálito da felicidade traz consigo sempre uma bomba pronta a explodir. Eu queria nessas horas ser um pouco Ana Paula, minha irmã mais velha, sem medo de ligar aquele botão que eu insisto em quase nunca tocar: O Foda-se!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A vida é fio...


A vida é um fio, mas nos mostramos tão poderosos com nossos cabelos de secador, nossas roupas da moda...Com as bolsas gigantes, como se ali dentro carregássemos o mundo e suas vitrines, mil cartões de crédito e mil possibilidades...Mas a vida é um fio e basta ver alguém caído no asfalto e ouvir as sirenes do resgate, para nos darmos conta, mesmo que seja por um mísero minuto que a vida é mesmo muito frágil e que não cabe na nossa bolsa de griffe, assim como a meia dúzia de coisas que realmente importam.

É um senhor no chão, quase embaixo do carro, o caos do trânsito, faz com que passemos ali apressados e chocados ao mesmo tempo. Eu sigo pra casa fugindo das lágrimas, mas elas chegam quentes. Não consigo equilíbrio nessas horas, não consigo equilíbrio nesses momentos em que a vida se mostra em forma de ferida. Nessas horas esqueço que acredito em destino, em karma, em leis superiores...Apavoro-me com a dor alheia, trago-a quase pra dentro de mim. Sofri até chegar em casa, onde descarreguei um mundo de água pelos olhos. No fundo meu medo ainda é imensamente grande de sentir aquela dor hedionda do dia em que meu pai se foi levando consigo um pedaço de mim.
PS. A foto com o diálogo acima fiz no museu da Lingua portuguesa.Ali conversam Emilia e visconde de Sabugosa, do Sitio do picapau Amarelo. Para conseguir ler, basta clicar em cima da imagem e ela aparecerá do tamanho grande e poderá ser visualizado o diálogo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Céu de brigadeiro em São Paulo



Hoje o dia tá tão quente que me faz lembrar minha terra, onde é impossível andar dois quarteirões sem o suor pingar em algum lugar do corpo. Um sol assim faz a alegria dos meus cachorros que adoram ficar esparramados de barriga pra cima em pleno sol do meio dia. Depois entram em casa com a língua pra fora esboçando um sorriso. Dias como hoje são perfeitos para lavar aquele monte de roupa suja, já meio mofada, pois semana passada as “águas de março” fecharam o verão por aqui.

Com esse céu de brigadeiro, fica impossível não pensar em praia, piscina, qualquer lugar que exija pouca roupa. Estou cá com meus retalhos vendo a roupa secar, tomando água e ouvindo marchinhas de carnaval num programa de rádio. Mas o que eu queria mesmo era dar um mergulho no mar morninho do Nordeste. Podia ser nas águas tranqüilas de Trancoso...Uma água de coco, os cachorros nadando e eu numa espreguiçadeira lendo Quintana. Delírio interrompido pelo telefone! Odeio telematketing!

De volta aos panos!


-Amor, quer um suco verde?


-Eu queria mesmo era uma coca-cola bem gelada!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Hoje eu só queria uma janela para o mar...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ainda sou um pouco aquelas...


Ainda tenho um certo fascínio por pedras brutas, anéis, brincos com pedras, mesmo depois de assistir “Diamante de sangue”. Aquele filme sangrento com Leonardo de Caprio protagonizando a verdadeira história dos diamantes que brilham nas vitrines do mundo inteiro. Impossível não pensar durante horas sobre o tema, depois de assistir ao filme.Vejam e me digam! Mesmo sem nenhum diamante, olho para minhas poucas pedrinhas nas peças de prata e me vem na mente que elas também não foram feitas para estarem ali e sim na natureza de onde nunca deveriam ter saído( muitas vezes às custas de bombardeios nas minas que acabam com o meio ambiente). Mas a mulherzinha que mora em mim ainda deseja jóias com pedrinhas coloridas...Essa ainda vai ter consciência do reino mineral!

Ainda sou aquela que não se livrou de algumas coisas adolescentes, como blusas baby look, bolsinhas engraçadinhas...Tenho uma em formato de casinha que é um luxo só! Queria ser toda modernosa, tive até fama disso! Mas vou casar no papel, com festinha para os íntimos, e até os famosos doces bem-casados. Sou aquela que ainda nem decidiu ter filhos, mas, a idade já está dando o alarme no relógio biológico.

Já peguei muito sapo para príncipe, mas dessa vez o príncipe veio em forma de alma boa...Corpo bom, diga-se de passagem! Também saí um pouco dos livros, das letras e mergulhei nas coisas que uma máquina de costura pode fazer. Vocês não têm idéia do que uma coisinha barulhenta daquelas é capaz de provocar na cabeça de um ser humano de saias.

Também me conscientizei que de nada adiantava chorar pelos animais se continuava comendo alguns deles. Em 2009 minha cozinha está mais alegre, mais saudável. Ainda sou aquela em muitas coisas, mas como uma cebola, tenho perdido capas e capas. Minha “casa identidade” tem alimentado a faxina dos porões, têm mantido as plantas bem vivas, as janelas com cortinas leves e uma vela vermelha sempre acesa...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009




A última vez que perdi o emprego parei numa loja de sapatos e me deixei seduzir por um saltinho cor de pêssego. Lindo, sexy e desconfortável. Devo ter usado umas três vezes, sofrendo, mas mantendo a pose. Esse par passou anos comigo intocável, sobreviveu até a uma mudança de cidade...Deixei um monte de caixas para trás. Não sei porque ele veio.Talvez eu me visse num pretinho básico pelas noites de Sampa, no entanto ele nunca saiu da caixa. Em novembro do ano passado, perdi mais um emprego e não sei porque finalmente me livrei daquele maldito sapato, assim como estou me livrando de diversas outras coisas não palpáveis, mas que tinham um peso enorme.

Ainda não me dei um presente, como sempre me dou quando estou desempregada ou quando sinto que mereço e posso comprar. Já andei pensando sobre o assunto, mas atualmente só penso em tecidos, botões, linhas e derivados. Outra coisa que gosto de mergulhar é literatura. Gosto da textura dos livros, os cheiros, as dobraduras parecem chamar minhas mãos. Acho que mereço um bom livro, apesar de uns dez, me esperarem na estante ainda virgens. Ando pelas prateleiras com olhos e ouvidos bem abertos. É que os livros me chamam, falam comigo. Livraria é o meu bordel, gosto de ir sozinha e sem hora para voltar. Preciso desses momentos de deleite com os livros.

Mas acho que dessa vez o meu presente verdadeiro está sendo mesmo a reflexão profunda a qual essa situação me brindou. Estou imersa até agora farejando dentro de mim “verdades combustível”. Aquelas que movem os dias e que nos fazem perceber quão valioso é trabalhar com o que se ama de verdade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nem Ronaldinho, nem Ronaldo. Fenômeno mesmo é o Fraga!












Surpreendente. Revolucionário da moda. Esses são os adjetivos que escolhi na peneira que fiz para falar de Ronaldo Fraga, esse mineiro que como o anjo torto Drummond, consegue arrancar poesia das pedras que encontra no caminho. Pois quem conhece um pouco da história desse talento das Gerais, sabe que ele já nasceu poeta, mesmo quando só sabia desenhar parafusos. Como um bom mineiro, é um ótimo contador de casos e leva isso tanto para o dia-a-dia, como para sua obra.

Considerado o mais belo desfile da São Paulo Fashion Week, edição inverno 2009, Ronaldo Fraga emocionou até os mais sisudos da platéia.Trouxe para a passarela crianças e velhos desfilando sua nova coleção, “Tudo é risca de giz”, baseada no espetáculo teatral “Giz” de Álvaro Apocaliypse, para o grupo de teatro de bonecos Giramundo. Para contar mais este causo, o estilista elegeu um casting inusitado ao abrir mão de famosas e magras top models. Ver homens e mulheres reais com cabelos brancos e rugas na cara usando seus looks modernosos foi surpreeendente. Ronaldo sabe e prega que moda também deve defender idéias, coisa que o mesmo sabe fazer com maestria.

Muito antes das semanas de moda...


Depois de fazer todos os cursos de desenho oferecidos gratuitamente em sua cidade, o menino curioso e que nunca pensou em desenhar moda, foi parar numa loja de tecidos, onde era pago para criar modelitos para a mulherada que comprava ali.

“O mais louco é que eu sabia desenhar, mas, a roupa não vinha, eu não tinha idéia das tendências, do que se usava. Então a fila crescia e eu ia entrando em desespero(...) Aproveitava o horário de almoço para observar vitrines, as pessoas nas ruas”.

“Comecei a ouvir a voz dos tecidos...O que eles tinham para me dizer...os cheiros...O barulho ao serem rasgados...”. Foi mais ou menos assim que o estilista começou sua fala durante uma palestra na Livraria Cultura, em São Paulo, ano passado. Contou um pouco de sua vida e obra mesclando crônicas de Carlos Drummond de Andrade.

Até hoje as criações de Ronaldo fogem às tendências, pois como ele mesmo diz: “Moda é aquilo que traz uma história, antes de desenhar a moda eu desenho o contexto”.

Os mais críticos tentam rotulá-lo como regionalista, mas o estilista defende que transforma cultura brasileira em produto de moda e que isso de regionalismo é coisa de paulista. “Identidade é uma cidade que cada um carrega dentro de si. Temos que entender e nos apropriar da nossa cultura”, completa.

Naquele dia, ali naquela sala lotada de estudantes de moda e curiosos como eu e minha amiga Andréa, passei a admirar em dobro o Ronaldo estilista e o Ronaldo homem, pois apesar de estar imerso a esse mundo glamuroso e muitas vezes fútil da moda, ele consegue defender suas causas com coerência, dignidade e um delicado talento que faz a diferença.

Ao término da palestra Ronaldo conversou simplesmente com todos que chegaram até ele, inclusive com nós duas, eu e minha amiga que estávamos com aquela cara de fã-clube.
Para ver e ler mais sobre ele deixo o link criado pela minha amiga Andrea que como eu é uma fã incorrigível:http://www.flickr.com/photos/flordemaracuja11/3213954420/in/photostream/


Micheline Matos
27.01.2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Meditar pode ser bem mais simples...


Já faz anos que a meditação entrou no meu vocabulário, mas quase sempre era palavra oca, da boca pra fora.Tentei poucas vezes e me deparei com uma chuva de pensamentos infernais. Meditar sempre foi algo longe, coisa que talvez eu só fizesse de verdade quando meus pés tocassem o solo sujo da índia em meus sonhos de viajante. Meditar para mim sempre teve uma aura de impossível, ou melhor, inacessível. Coisa que a gente começa e logo quer parar porque não ver resultado.Como se meditar fosse um bolo que assamos e esperássemos crescer.

Mas meditar é algo tão intimo e sublime que não se explica e não se espera nada. E qualquer descrição parece uma banalidade se comparado ao vivido. Minha mente andou me dando trabalho de novo e já não tinha mais minha amiga Dwari aqui perto com suas pílulas tranqüilizadoras da alma, feitas de palavras sãs e seus florais.

Faz uns meses que decidi tentar meditar e levar a sério dessa vez. Confesso que de novo parece que entrei numa gaiola cheia de morcegos e eu tentando me esquivar.Tudo começa conturbado, mas já sinto uns segundos de paz, o que me anima a continuar nessa pista escorregadia. Pista que leva para dentro de mim mesma e que necessito ser forte para lutar contra os fantasmas que invento e agradecida pelas flores que me chegam nesses segundos de paz.

Aos poucos descubro que não necessito de receitas, não preciso sentar em posição de lótus, nem acordar com o sol nascendo, nem tampouco respirar de um jeito esdruxúlo, como aprendi nas aulas de ioga. Ando descobrindo que é mais simples do que imaginava, basta dedicação, perseverança e silêncio. Respiro normalmente, às vezes até fico deitada na cama. A idéia é não dormir e tentar driblar a ladainha da mente. Acho que ao desmistificar o meditar a gente encontra a simplicidade no caminho desse gesto. Eu continuo TENTANDO.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tentar...Modificar...


Como falei no post abaixo, o ano começou sem listas ou promessas, mas com um desejo bem forte de concretizar algumas mudanças no cotidiano. Uma delas é conseguir viver sem me alimentar de animais. Estou a quase dez anos sem carne vermelha, mas já venho ensaiando esquecer os frangos, que hoje levam ainda mais hormônios do que a carne bovina. Depois de ouvir uma palestra sobre alimentação sem carne, do Dr. Eric Slywitch*, o desejo de conseguir viver sem ter que comer nenhum bicho ficou ainda maior, apesar do prazer que ainda sinto ao degustar camarões e um bom prato de sushi. Mas acredito que quando a decisão acontece por vias não só da saúde, mas, principalmente espiritual, a coisa fica mais séria e talvez mais fácil. É uma questão de crença mesmo! Aceitar que o reino animal não está aqui para ser devorado pelo reino humano e que simplesmente não necessitamos desse tipo de alimento para sermos saudáveis. Mas isso é uma longa estória e uma crença minha, que ainda valerá alguns posts, os incomodados com o assunto que me perdoem.

Aqui em casa depois dessa nossa decisão de abolirmos os bichos da nossa cozinha, já ouvimos de tudo: “Mas como irão repor o ferro?”, “Isso é besteira, ninguém agüenta viver assim!”, “Mas vocês vão ficar quase anti-sociais, pois quando forem comer na casa de alguém?”. Seria tão bom que as pessoas ao invés de rirem da nossa cara tentando nos desencorajar ou nos bombardear de questionamentos de cunho de saúde e até mesmo religioso sobre este tema, deveriam simplesmente respeitar a nossa escolha, a nossa tentativa. Eu não tento convencer a ninguém sobre meus hábitos de alimentares, não saio por ai pregando a vida simples a qual tenho tentado levar. Quero apenas continuar meu caminho buscando ser melhor a cada dia, sem julgar tanto o outro, sem comprar o que não necessito e sem precisar dos animais para matar minha fome.

É bom que fique bem claro que não me sinto superior nem inferior a ninguém por escolher esse caminho. E por que deveria? Cada um faz suas escolhas, traça suas metas. Cada um é responsável pela vida que leva. Eu apenas estou TENTANDO fazer as coisas como manda a minha espiritualidade. O que peço quase como um mantra diário é conseguir trilhar esse caminho segundo as instruções do meu coração.

*Eric Slywitch é é especialista em Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral. Através de seus estudos vem derrubando diversos mitos sobre a prática do vegetarianismo. Atualmente é Coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira e é docente de cursos de pós-graduação nessa área. É autor do livro "Alimentação sem carne – guia prático" publicado pela editora Palavra Impressa (Brasil). Para saber mais: www.alimentacaosemcarne.com.br

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Entre proseco e relâmpagos 2009 nasceu no calendário...




2009 no meu mundo nasceu relampeando. Mostrando aos fogos de artifício, quem de verdade tem mais força. O céu visto de cima do canyon Malacara* se transformou num palco, onde observávamos os clarões rasgando as nuvens enquanto brindávamos por mais um ano. Já faz um tempo em que o dia 31 deixou de ser uma data dedicada à reflexão.Talvez porque eu tenha me brindado com a mesma diariamente, sem que seja necessário esperar o fim do ano para fazer acordos comigo mesma. Nada de listas ou promessas. Só agradecimento.

Sei que minhas pequenas e grandes vitórias não podem ofuscar o rastro de desgraça que temos acompanhado pelo mundo e que falando assim em nada pedir e só agradecer, até pareço egoísta, mas mesmo assim, ainda agradeço. Eu sei, o mundo tem andado bailando a música do caos. Tem horas que acredito termos perdido o eixo e que não há sentido em querer mais tempo, mas me movo com um combustível poderoso: a fé. E quem tem fé sempre consegue dar mais um passo, mesmo quando a trilha está escorregadia e escura. Quem tem fé, tem medo? Pergunto isso porque ainda tenho os meus, ainda que bem poucos. Mas o medo não é mais aquele monstro hediondo de antes, pelo menos aqui na minha terra do nunca apelidada de mente.

Eu queria escrever nesse texto somente a beleza que meus olhos viram nos últimos dias de 2008, numa breve estada em Santa Catarina, mas estou misturada demais as noticias, talvez pelo resquício de jornalista que agoniza em mim, ou talvez porque eu acredite mesmo que sou apenas uma peça desse quebra cabeças chamado terra. Sendo assim, trago comigo o DNA dessas energias que rondam o planeta e por isso é tão difícil discorrer somente sobre o belo.

Que a luz de 2009 não seja somente a que tem iluminado GAZA, mas principalmente a luz que habita em cada ser para que possamos olhar mais para as coisas impalpáveis e leves que estão esquecidas nos nossos baús internos.Que em 2009 façamos muita poeira tirando nossos sonhos do porão, mas que dali também saiam os velhos sonhos coletivos e revolucionários.

*Malacara é um dos Canyons que compõem a região de Aparados da Serra, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fiquei os últimos dias de 2008 e os primeiros de 2009 exatamente ali no alto.
PS:A foto acima mostra o Malacara visto da Pousada (que fica em frete ao mesmo). Para quem interessar possa: http://www.moradadoscanyons.com.br/

Meus escritos de casa nova!


Pensei em criar um blog novo, uma casinha para os meus escritos. Um espaço mais leve, com mais cor e que não caiba somente meus anseios e meus textos sujos de alguma tristeza. Queria um blog simples, algo assim como bolo de fubá, feito de poucos e saborosos ingredientes.Um lugar para escrever sobre o que vejo e que transforma meu cotidiano, seja um passo-a-passo de uma peça artesanal, um filme que vi, uma conversa entre amigas, um livro da cabeceira da cama...Enfim, um blog sem pretensões, apenas um espaço livre onde eu possa trilhar a estrada das palavras. Aproveito para desejar a todos um 2009 iluminado, repleto de discernimento e paz de espirito, pois tudo que possamos fazer de bom surge daí.
Ps: A casinha ai ao lado é obra da minha amiga virtual Deny, nossa Dona Borboleta, do Flickr.Essa casa é um dos mimos que ela já me mandou do seu ateliêr em Porto Alegre: http://www.flickr.com/photos/donaborboletapatch/