sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A vida é fio...


A vida é um fio, mas nos mostramos tão poderosos com nossos cabelos de secador, nossas roupas da moda...Com as bolsas gigantes, como se ali dentro carregássemos o mundo e suas vitrines, mil cartões de crédito e mil possibilidades...Mas a vida é um fio e basta ver alguém caído no asfalto e ouvir as sirenes do resgate, para nos darmos conta, mesmo que seja por um mísero minuto que a vida é mesmo muito frágil e que não cabe na nossa bolsa de griffe, assim como a meia dúzia de coisas que realmente importam.

É um senhor no chão, quase embaixo do carro, o caos do trânsito, faz com que passemos ali apressados e chocados ao mesmo tempo. Eu sigo pra casa fugindo das lágrimas, mas elas chegam quentes. Não consigo equilíbrio nessas horas, não consigo equilíbrio nesses momentos em que a vida se mostra em forma de ferida. Nessas horas esqueço que acredito em destino, em karma, em leis superiores...Apavoro-me com a dor alheia, trago-a quase pra dentro de mim. Sofri até chegar em casa, onde descarreguei um mundo de água pelos olhos. No fundo meu medo ainda é imensamente grande de sentir aquela dor hedionda do dia em que meu pai se foi levando consigo um pedaço de mim.
PS. A foto com o diálogo acima fiz no museu da Lingua portuguesa.Ali conversam Emilia e visconde de Sabugosa, do Sitio do picapau Amarelo. Para conseguir ler, basta clicar em cima da imagem e ela aparecerá do tamanho grande e poderá ser visualizado o diálogo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Céu de brigadeiro em São Paulo



Hoje o dia tá tão quente que me faz lembrar minha terra, onde é impossível andar dois quarteirões sem o suor pingar em algum lugar do corpo. Um sol assim faz a alegria dos meus cachorros que adoram ficar esparramados de barriga pra cima em pleno sol do meio dia. Depois entram em casa com a língua pra fora esboçando um sorriso. Dias como hoje são perfeitos para lavar aquele monte de roupa suja, já meio mofada, pois semana passada as “águas de março” fecharam o verão por aqui.

Com esse céu de brigadeiro, fica impossível não pensar em praia, piscina, qualquer lugar que exija pouca roupa. Estou cá com meus retalhos vendo a roupa secar, tomando água e ouvindo marchinhas de carnaval num programa de rádio. Mas o que eu queria mesmo era dar um mergulho no mar morninho do Nordeste. Podia ser nas águas tranqüilas de Trancoso...Uma água de coco, os cachorros nadando e eu numa espreguiçadeira lendo Quintana. Delírio interrompido pelo telefone! Odeio telematketing!

De volta aos panos!


-Amor, quer um suco verde?


-Eu queria mesmo era uma coca-cola bem gelada!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Hoje eu só queria uma janela para o mar...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ainda sou um pouco aquelas...


Ainda tenho um certo fascínio por pedras brutas, anéis, brincos com pedras, mesmo depois de assistir “Diamante de sangue”. Aquele filme sangrento com Leonardo de Caprio protagonizando a verdadeira história dos diamantes que brilham nas vitrines do mundo inteiro. Impossível não pensar durante horas sobre o tema, depois de assistir ao filme.Vejam e me digam! Mesmo sem nenhum diamante, olho para minhas poucas pedrinhas nas peças de prata e me vem na mente que elas também não foram feitas para estarem ali e sim na natureza de onde nunca deveriam ter saído( muitas vezes às custas de bombardeios nas minas que acabam com o meio ambiente). Mas a mulherzinha que mora em mim ainda deseja jóias com pedrinhas coloridas...Essa ainda vai ter consciência do reino mineral!

Ainda sou aquela que não se livrou de algumas coisas adolescentes, como blusas baby look, bolsinhas engraçadinhas...Tenho uma em formato de casinha que é um luxo só! Queria ser toda modernosa, tive até fama disso! Mas vou casar no papel, com festinha para os íntimos, e até os famosos doces bem-casados. Sou aquela que ainda nem decidiu ter filhos, mas, a idade já está dando o alarme no relógio biológico.

Já peguei muito sapo para príncipe, mas dessa vez o príncipe veio em forma de alma boa...Corpo bom, diga-se de passagem! Também saí um pouco dos livros, das letras e mergulhei nas coisas que uma máquina de costura pode fazer. Vocês não têm idéia do que uma coisinha barulhenta daquelas é capaz de provocar na cabeça de um ser humano de saias.

Também me conscientizei que de nada adiantava chorar pelos animais se continuava comendo alguns deles. Em 2009 minha cozinha está mais alegre, mais saudável. Ainda sou aquela em muitas coisas, mas como uma cebola, tenho perdido capas e capas. Minha “casa identidade” tem alimentado a faxina dos porões, têm mantido as plantas bem vivas, as janelas com cortinas leves e uma vela vermelha sempre acesa...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009




A última vez que perdi o emprego parei numa loja de sapatos e me deixei seduzir por um saltinho cor de pêssego. Lindo, sexy e desconfortável. Devo ter usado umas três vezes, sofrendo, mas mantendo a pose. Esse par passou anos comigo intocável, sobreviveu até a uma mudança de cidade...Deixei um monte de caixas para trás. Não sei porque ele veio.Talvez eu me visse num pretinho básico pelas noites de Sampa, no entanto ele nunca saiu da caixa. Em novembro do ano passado, perdi mais um emprego e não sei porque finalmente me livrei daquele maldito sapato, assim como estou me livrando de diversas outras coisas não palpáveis, mas que tinham um peso enorme.

Ainda não me dei um presente, como sempre me dou quando estou desempregada ou quando sinto que mereço e posso comprar. Já andei pensando sobre o assunto, mas atualmente só penso em tecidos, botões, linhas e derivados. Outra coisa que gosto de mergulhar é literatura. Gosto da textura dos livros, os cheiros, as dobraduras parecem chamar minhas mãos. Acho que mereço um bom livro, apesar de uns dez, me esperarem na estante ainda virgens. Ando pelas prateleiras com olhos e ouvidos bem abertos. É que os livros me chamam, falam comigo. Livraria é o meu bordel, gosto de ir sozinha e sem hora para voltar. Preciso desses momentos de deleite com os livros.

Mas acho que dessa vez o meu presente verdadeiro está sendo mesmo a reflexão profunda a qual essa situação me brindou. Estou imersa até agora farejando dentro de mim “verdades combustível”. Aquelas que movem os dias e que nos fazem perceber quão valioso é trabalhar com o que se ama de verdade.