sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Todo mundo tem o que contar


Eu sempre adorei ouvir estórias, desde criança quando minha mãe contava as aventuras dos “Três porquinhos”, a coragem e sofrimento de “João e Maria”. Ouvia e era como se entrasse nelas. Ficava ali olhando para as telhas da casa, ouvindo o barulhinho da rede balançando, até pegar no sono. Eu não me importava em ouvir a mesma estória várias vezes, acho que desde cedo aprendi que algumas delas valem a pena serem ouvidas infinitamente, assim como aquelas estórias de travessuras engraçadas que toda mãe conta e mata a gente de rir num domingo, onde já estamos adultos.

Escuto atenta às estórias que me chegam, muitas vezes busco-as e para ser sincera tem um tipo particular que adoro ouvir, como um casal se conheceu, por exemplo. É uma pergunta que me persegue. Fico ouvindo e o filme começa a passar na cabeça, aí vem de novo um desejo estranho de escrevê-las, reuní-las em um caderno. Aí me pergunto, mas para que isso? Quem vai ler? Com isso a idéia vira ventania e só renasce quando escuto uma outra estória e assim vai sendo. Outro dia pesquisando na Internet encontrei o Museu da Pessoa, uma experiência incrível que convido todos a conhecer para saborearem estórias de pessoas anônimas, mas tão cheias de vida. Um dia prometo não deixar o vento levar minha idéia de escrever estórias dos outros, ai vai nascer um caderno, um blog, site, livro, sei lá, e não importa se alguém vai ler! Um dia hei de escrever o que me contam.Tenho amigas que terão um capítulo inteiro, de tantas estórias que merecem serem escritas.

Veja o site do museu da pessoa:

http://www.museudapessoa.com.br

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Novos ângulos...


As pessoas estão acostumadas com suas vidas, de conquistas iguais, tarefas iguais, diversões e problemas sempre iguais. Ouvir-nos dizendo que podemos ser livres, amar, ir além do tempo e zombar desta realidade, faria com que se sentissem roubadas porque elas não tem isso.

Todos vivem muito fixados em si, e por estarem doentes de serem tão cheios de si, esperam muito dos outros. Com os que agem assim , é claro que há mais decepção do que alegria...depois de muita decepção, começam a esperar sempre o pior, as desconfianças vem em primeiro lugar, testam-se uns aos outros...isso é apenas gastar tempo, mas é isso que chamam de amor, preocupação, ódio, cuidado, carência...

Quase ninguém muda para enriquecer sua existência ou para ser apresentado a um nível mais profundo de ser. Tudo que ocorre na intimidade de nossa alma, nos recantos mais longínquos dos nossos sonhos, estende-se ao mundo externo e, de alguma maneira, transparece. Do mesmo modo situações externas podem estender raízes por nosso interior, encontrar eco em desejos ainda escondidos e silenciosos e nos modificar.

Com sopros do Livro Noturna -Ana Claudia Domene

terça-feira, 24 de agosto de 2010



Para onde irão os cães ao morrerem? Eu não sei, mas acredito que viajam correndo por uma trilha iluminada para um lugar bem lindo, onde um dia encontrarão com seus donos e amigos. Acredito nesses reencontros...Ontem o Jimmy(da foto) foi para esse lugar esperar por todos que aqui o amam.

terça-feira, 17 de agosto de 2010


Hoje eu apelei para as folhas amareladas onde se escondem velhos versos.Catei um e aqui jogo nesse branco.Um traço de mim encontrado num poema de 99.

Nascer
Nascer de novo
Nascer quantas vezes for preciso
Romper com gosto a placenta da vida
Lamber o sal e
ser gente pela milésima vez
Tentadores os caminhos da imortalidade.

Micheline

sábado, 14 de agosto de 2010


Hoje vou postar algo de galeano, um dos meus escritores ''mestres'' preferidos. No Livro dos Abraços, o escritor fala dos sonhos de Helena em pequenos parágrafos durante boa parte do livro. As vezes sou Helena catando sonhos, tecendo bordados neles para ficarem mais bonitos...as vezes sou um dos sonhos em fila, esperando ser sonhado...

OS SONHOS DE HELENA

"Naquela noite, os sonhos faziam fila, querendo ser sonhados, mas Helena não podia sonha-los todos, não dava. Um dos sonhos, desconhecido, se recomendava:

- Sonhe-me, vale a pena! Sonhe-me, que vai gostar.

Faziam fila alguns sonhos novos, jamais sonhados, mas Helena reconhecia o sonho bobo, que sempre voltava, esse chato e outros sonhos cômicos ou sombrios que eram velhos conhecidos de suas noites voadoras.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Minha história de amor com as pedras

Enquanto não paro para escrever sobre o novo, posto textos antigos retirados de um velho blog que estou desarrumando.Textos que indubitavelmente ainda fazem parte do que sou.




Olho a foto de Machu Pichu assim como se as montanhas tivessem encrustadas não só na parede da minha sala, mas dentro de mim mesma. O que tem pra me dizer essa cidade morta? O que são esses sonhos caóticos estampando minhas noites? Essas ruínas que caminho sem direção, tentando resgatar um passado o qual não domino, o qual se quer recordo.

Limpo os cristais da estante, penso em presenteá-los com uma fonte. Difícil recordar a primeira vez que catei uma pedra. Talvez tivesse uns 9 anos, dali em diante virei colecionadora.Tinha pedras de todas as cores, formas e tamanhos. Meu pequeno guarda roupa virou um verdadeiro depósito de caixas repletas de pedras. Um dia minha mãe deu o ultimato: Ou joga pelo menos a metade fora ou eu mesma faço.

Olhar uma a uma e escolher quais ficariam foi uma tarefa angustiante.Talvez eu como os incas, já desde a infância acreditasse que dentro de cada rocha existisse um espírito, uma identidade...Havia uma comunicação sutil entre eu e aquelas pedras. Talvez uma sombra do que acreditei numa outra vida, ou quem sabe um traço presente dos meus antepassados.

Desde então carrego pedras comigo. Em cada lugar especial que passo, cato uma de recordação. Tenho um profundo respeito por esses minerais. Dentro de um saquinho vindo de Machu Pichu, guardo as runas, 25 pedras (de São Tomé das Letras) conselheiras e companheiras de círculo, formam minha fortaleza energética em noites enevoadas e mal assombradas. Guardam consigo meus cantos e danças, além da temperatura exata das minhas lágrimas, sejam de tristeza ou de agradecimento.

Se esse amor mineral pulsa tão intenso dentro de mim, só pode ter um sentido.Trilhas para um portal de comunicação entre meu passado e presente, mapas incompletos que vão se mostrando devagarinho, de acordo com a minha fé. Deixa eu ir cantar pra elas...

Cuiabá- MT 12.11.99

sábado, 7 de agosto de 2010

Estou na revista Make!




A Samariquinha, marca criada por mim em 2006, aos poucos vem ganhando seu espacinho, tudo bem devagar, como meus bordados à mão.Esse mês saiu uma foto do meu trabalho na Revista Make- Arte e design para o bem viver.É apenas uma pequena foto com o meu contato, mas já estou bem orgulhosa.Quem tiver a chance de ver a revista, com certeza vai se apaixonar pelo bom gosto da publicação

quarta-feira, 4 de agosto de 2010


Estar perto de livros exerce um fascínio imensurável ao meu ser.É como se aquela redoma formada pelas prateleiras abrisse um túnel e ali, envolta às letras e ao cheiro de papel eu me sentisse plena. Sempre digo que assim como as paisagens do mundo, existem livros demais e não poderei lê-los nem ir ao encontro de todos esses lugares, pois uma vida é pouco para percorrer todos os mapas que guardo em meu desejo de trilhar e os milhares de livros que adoraria ler.

Entrar numa livraria é um momento que me preenche, pois ali rodeada de literatura, me vejo cheia de encantamento. Posso ficar horas, mesmo que não compre nada, ali é meu parque de diversões. O apetite pelas palavras escritas tem sido maior do que meu desejo por chocolate ultimamente. Ler me leva por entre caminhos que jamais percorrerei com meus pés, ler me mostra paisagens que nunca verei, pois muitas, se quer existem. Ler me faz querer escrever, sempre! E minha escrita tem sido um hiato depois que entrei no mundo de agulhas, linhas e retalhos. A escrita só se concretiza quando palpita em mim algum desejo mais forte de vida, ou uma dor.

Queria mais disposição e dedicação às letras, mas entendo que a literatura só nasce de parto natural, sem hora ou data, também aprendi que a poesia pode ficar adormecida durante anos, assim como dorme em mim. Um dia quem sabe depois de madurar no meu ser, ela renasça, como a semente mais antiga da terra que plantada germinou e se mostra de um verde incrível. Enquanto isso vou alimentando meu espírito de livros, mas também se faz necessário dizer que livros costurados, aqueles que estão ali no canto sem nunca serem abertos, não tem lugar no meu mundo. Guardo apenas àqueles que me chamam a uma releitura, seja de um trecho ou inteiro depois de um tempo. Livros fechados por muitos anos não têm vida, é como o caminho que só existe quando é percorrido.O melhor a fazer é doar para que outros leitores dêem vida aos mesmos, já que a literatura só tem sentido quando compartilhada.

P.S:Estou lendo Princesa -A história real da vida das mulheres árabes por trás de seus negros véus. De Jean sasson.