segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quando a saudade não dói


Sempre que senti saudades na vida foi meio como uma dor, mesmo passageira, mas sempre alguma agulha entrando na pele ou uma unha de gato bravo. Uma época a saudade criou um túnel escuro com barulho de cachoeira...A luz nunca apareceu, nem pra me enganar, assim como a ilusão de água no deserto. Já transformei saudade em cartas para ninguém, versos em cadernos de arames, em desenhos toscos que meu amigo Zeca adorava, com certeza para me agradar. Saudade de gente que morreu é seca e quando ela vem tento embebedar meu cérebro de cor e sorrisos. As vezes não consigo, aí vem lágrimas e flores. Não flores que amo, mas aquelas de defunto mesmo.Um dia quando eu morrer, por favor, quero gérberas coloridas, rosas brancas, se possível orquídeas lindas e sensuais. Mas esse assunto é de um outro post, voltemos à saudade...Estou descobrindo um novo tipo desse sentimento e como boa sagitariana e mulher fico tentando dissecá-lo, como se o sentimento fosse palpável como minhas agulhas e linhas. É uma saudade sem dor, sem desespero. Um desejo imenso de pintar isso invade meu corpo, mas corro para as letras porque é aqui o laboratório da minha alma. É aqui no teclado que meus dedos concretizam o que canta a mente. Uma saudade em tons pastéis de aquarela, delicada e ao mesmo tempo forte, mas sem drama. Na aquarela eu sou a água que se mistura à tinta que como meu amor é forte e me carrega pelo infinito.


Micheline

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