domingo, 26 de setembro de 2010

É saudade então...



Saudade é uma coisa muito estranha. Para começar é uma palavra que não existe tradução. É coisa de brasileiro mesmo, assim como essa mania de furar fila ou adorar queijo e goiabada. Não que saudade seja um sentimento restrito aos que nasceram aqui no Brasil. Falo da palavra mesmo. Mas voltando ao sentimento...São tantas as características que identificam a saudade que eu prefiro dizer que existem categorias da mesma. E a que tenho sentido ultimamente talvez seja o pior tipo. Saudade estimula encontros, comunicação, poesia, choro de alegria ou tristeza...A saudade empurra a gente para algum lugar físico ou manda ficarmos quietos dentro de si, até passar um pouco.

Tem saudade que nunca acaba, pois não temos para onde ligar, nem a pessoa está ali na lista do MSN, nem existe um caminho que nos mostre um encontro. Parece saudade de quem já partiu lá para cima, mas pensando melhor, essa é uma saudade também, daquelas pessoas que amamos um dia e passaram na nossa vida e perdemos o elo. Quem nunca recorreu às ferramentas da tecnologia atual como sites de busca e de relacionamento, para encontrar alguém que passou e se perdeu no fio da vida? Não encontrar dá um vazio...Mas o maior vazio mesmo é saber que o seu objeto de saudade não poderia mesmo ser encontrado em nenhum lugar físico, nem mesmo no ciberespaço e suas praças modernas.

Essa saudade que me invadiu nos últimos tempos me faz imaginar diálogos que nunca tive com meu pai, que não mora mais nesse mundo. Lembro do último telefonema onde sua felicidade era notória, mas também recordo das muitas viagens que fizemos no seu fusca. Durante muitos anos, eu e minhas duas irmãs dividíamos o espaço apertado do banco de trás com algumas caixas, quando viajávamos. Meu pai era daqueles que paravam na estrada pra ajudar quando via alguém em apuros por um pneu furado ou um desses probleminhas típicos de estrada. Dirigia sempre calado e de fundo colocava Luis Gonzaga pra cantar...São muitas lembranças dessa e de outras épocas de convivência. Deve ser porque se aproxima o dia da minha viagem a terra natal. Depois que ele se foi, passei a ir ali ainda menos, mas agora que estou mais distante, sinto uma grande necessidade voltar láá mais vezes, ver o sol se pôr por trás da chapada do Araripe, olhar minhas bonecas na estante como se sorrissem pra mim, rever pessoas boas, sentir a energia forte das minhas raízes e voltar com a alma lavada, pronta para de novo recomeçar mais um ciclo.

3 comentários:

  1. Ai que lindo! O texto e a almofada. Precisas publicar mais vezes.
    Besitos desde España.

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  2. Oi quwrida obrogada pelo comentário.Eu gostaria d epostar mais, só que o tempo no dia-a-dia não ajuda muiro, beijos pra vc!

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  3. oi flor, vim visita-la e amei tudo o que vi por aki... parabéns pelos lindos trabalhos e textos... bjokas da Leide

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